Faz alguns dias me perguntei se você não seria apenas uma ilusão da minha mente.
A resposta veio agora.
Sim.
Sim, você é.
Não somos as mesmas pessoas que fomos anos atrás.
Eu mudei muito.
Você, mais ainda.
Tão distantes daquilo que éramos.
Não é incrível a claridade que vem com ciúmes psicótico?
(Peguei essa frase do meu filme favorito.)
Uma claridade tão fresca, tão expansionista, que me puxou de volta à realidade.
Você é uma ilusão.
Talvez sempre tenha sido uma ilusão.
E agora, mais do que nunca, estou deixando essa ilusão desaparecer.
Minha solidão não está mais me matando.
Então, baby, don't hit me no more.
Fiquei um bom tempo pensando em você mais uma vez.
Você, sempre você.
Por que você?
Não sei.
Seu jazz. Suas piadas. Seu jeito.
Parece que agora tudo se mistura em uma névoa.
Quase nem consigo lembrar seu sorriso mais.
Será que te inventei?
Não. Acho que não é possível que inventasse alguém como você.
Que na primeira vez já veio dizendo: "Você se parece com a Kristen Stewart."
Eu odeio a Kristen Stewart.
Será que inventei sua lembrança?
Provavelmente sim.
Cada vez mais vou esquecendo como você realmente era.
Te tornando um vazio maleável que construo a meu bel prazer.
Uma massinha de modelar em que coloco minhas esperanças.
Uma imagem psicossomática que aparece sempre que necessito.
E mais uma vez, quase te escrevi algo.
Mas então pensei bem.
Para quê?
Apenas para suprir um capricho tolo?
Provar algo?
Tirar um pouco da solidão, consequência da própria vida que escolhi?
Não tenho esse direito.
Temos que viver com nossas decisões e suas repercussões.
Mas ao mesmo tempo, não consigo deixar de pensar:
E se?
E se não for só isso?
E se todo esse tempo esse sentimento não foi inventado, mas verdadeiro?
E se você pensa desse mesmo jeito?
É por isso que, quando eu não envio nada, queria que soubesse, que eu quase envio tudo.