Memórias de Infância

sábado, 24 de janeiro de 2015

Postado por:Maria Raquel

Aleatórias e estranhas.
Desconexas.
Pintadas de sépia.
Não são estranhas as memórias da infância?

Sua mãe deitada em um quarto escuro, sem conseguir se levantar por horas.
Um grande salão com o teto pintado como o céu azul, cheio de nuvens, e símbolos do Zodíaco nas paredes.
(Mesmo criança, você sabia que eram símbolos do Zodíaco. Como?)
Pular para cima e para baixo em um sofá-cama azul escuro com um pedaço queimado de ferro.

Bolo de cenoura com cobertura de chocolate.
Dura, como uma casquinha. Macio e cheio de chocolate nas divisões.
Uma picada ardida de vespa no dedinho do pé.
Ver o céu depois de uma imensidão de folhas ao escalar uma antiga goiabeira.

Piscina de plástico azul cheia de ondas no fundo.
Foguete de garrafa PET.
Uma fogueira de festa junina de papel celofane.

Roda roda roda. Roda roda roda. Roda roda roda. Rodou.
Ranger de tacos, cheiro de naftalina.
Leite com nescau em um copo de vaquinha.
Geladeira colorida.
Bege. Azul. Vermelha.

Um Voyage antigo com penduricalhos religiosos no painel.
Branco.
Pipoca salgada. Amendoim doce. No cone de papel.

Deitar numa cama de casal.
Acordar sendo levado para seu próprio quarto.
E sempre dormir com a porta aberta.

Sobre Irmãos

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Postado por:Maria Raquel

Sabe quando você vê algo em seu dia a dia e se lembra de alguém.
Então você não vê a hora de encontrar com essa pessoa e contar tudo pra ela.
Não apenas sobre aquilo que você viu, mas tudo.
Tudo o que está acontecendo na sua vida.

Aquele post no Facebook.
Aquela cena no supermercado.
A frase ouvida no transporte público.

Meus irmãos são meus melhores amigos.
Sim, eu finalmente disse.

Às vezes me sinto diferente por tê-los como amigos.
Tantos irmãos se odeiam no mundo.
Tantos irmãos são estranhos um ao outro por aí.

E então temos nós.
Piadas internas de uma vida toda.
Passado, presente, futuro.
Nos irritamos.
Nos entendemos.
Nos amamos.

O que seria de mim sem eles?
Não seria eu.
Não seríamos nós.

Meu Deus, como sinto falta dos meus irmãos.


 

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