É assim que a história começa: há uma garota. E um garoto.
Ou então um garoto. E uma garota.
Ou ainda uma garota e outra garota.
Ou um garoto e outro garoto.
Mas o que todas tem em comum, pelo menos pra essa questão específica, é que existe outra garota ou outro garoto envolvidos.
Porque né, a vida é uma bitch.
(Porque se fosse uma slat, seria fácil.)
Nesses idos de tempos modernos saber tudo o que o outro faz já nem é esquisito, e as pessoas não tem nem mais vergonha de dizer "Stalkeio sim, e daí" sem soar psicótico. Acho que querer saber do outro é uma coisa que sempre aconteceu, mas hoje em dia as coisas estão ficando mais escancaradas. Mais abertas.
Todo mundo sabe o que todo mundo comeu no almoço.
Todo mundo sabe o que todo mundo tem.
A curiosidade, além de matar o gato, nos faz ter atitudes que não queríamos. Mas não só ela.
É esse louco instinto humano de possessão. Minha casa, meu carro, meu cachorro, meus amigos, meu marido, minha esposa.
Como é que se tem alguém?
Como é que se torna dono daquela pessoa a ponto de intitulá-la "sua"?
Porque vocês se conhecem, conversam, e um dia aquele sentimento simplesmente aparece. Você, mesmo sem querer, acaba sentindo que a pessoa é sua.
Mas o problema é que ela não é.
Ela é livre pra falar com quem quiser. Sobre o que quiser. E você não pode fazer nada sobre isso, a não ser aguentar. "Se morder" com isso.
Porque se você morder a outra pessoa, ela vai reclamar. E talvez até se afastar.
Guardar o ciúmes pra você, mesmo que isso doa. Porque não é algo racional.
Mas ter um outro também não é.