Ultimamente tenho sentido a vida um tanto vazia.
Um tanto isolada.
"Nenhum homem é uma ilha", dizia John Donne.
Bom, eu digo: todo homem é uma ilha.
Talvez ligada a outras ilhas por um balneário. Um emprego, amizades, um lugar em uma sala de aula.
Porém, continuamos sendo ilhas.
Solitárias ilhas se movendo por um oceano tortuoso chamado vida.
Às vezes a gente tem uma oportunidade de esbarrar em outras ilhas. Algumas são bem parecidas com a gente, se não pela vista, talvez pelo interior.
Só que na maioria das vezes a ilha está por si mesma.
Sem continente. Sem outras ilhas.
Apenas o céu e o mar.
E mesmo trombando em milhões de ilhas a todo tempo, não é como se duas ilhas pudessem se tornar uma.
Dois corpos não ocupam o mesmo espaço.
Um arquipélago é apenas um amontoado de ilhas, não um continente.
Sendo assim, uma grande cidade não é um continente. É apenas muitas ilhas juntas, trombando uma nas outras.
Se distanciando uma das outras.
Sendo ilhas.
Solitárias ilhas.
E não é São Paulo a cidade da solidão?