É estranho como sempre queremos o que nunca podemos ter.
Estar sozinho faz com que sintamos falta de pessoas, estar com pessoas faz querer estarmos sozinhos.
Mas estar lá sempre me faz querer estar aqui.
Quando estou aqui é a vontade de estar lá que prevalece.
O ar de familiaridade às vezes prevalece à vontade de ver o mundo.
A segurança, os cheiros, o quarto de infância.
Os mesmos azulejos antigos do banheiro, e os batentes de madeira sólidos das portas.
O pôr do sol de pintura que se vê através da janela.
E o barulho da madrugada de domingo.
Parece que só se pode ser você mesmo quando está lá.
Alguém diferente do que mostra aos outros.
Alguém mais solto, melhor.
E mesmo assim, é incrível o quanto se quer partir quando se está lá.
A familiaridade não basta e acaba enchendo, sufocando.
Mas é bom saber que vai estar lá.
Sempre que precisar voltar.