Cidades natais são engraçadas. Não circo engraçadas. Mais estranhas engraçadas.
Aquela mesma rua de comércio, onde letreiros e fachadas mudam com o tempo, mas as lojas continuam as mesmas.
Aquela sorveteria que seus pais te levam desde de criança, com mais opções de coisas pra colocar no sorvete do que opções de sabores em si.
Aquela mesma visão da sua janela: a rua, árvores, céu.
Há coisas que as cidades do interior tem que não fazem a mínima falta.
Encontrar pessoas (que você não gosta muito) na rua sempre que dá um passo pra fora de casa. Falta de opção do comércio. As três casas noturnas que se pode ir no fim de semana (duas delas tocam sertanejo). As pessoas novas que você conhece que nunca são novas de verdade porque são amigas ou até irmã(o)s de conhecidos.
A não aceitação. Os olhares atravessados por não estar usando as mesmas roupas que todo mundo.
O que se tem ser muito maior que o que se é.
As aparências provincianas. Como em uma história tirada da Geração Romântica do século XIX. Apenas trocaram-se as roupas. As atitudes continuam iguais.
E ainda sim, às vezes se sente aquela saudade. Porque há algumas coisas que apenas cidadezinhas do interior ostentam.
Conseguir encontrar a constelação do seu signo no céu estrelado. Comer até dizer chega e poder sentar no sofá sabendo que não precisa fazer nada o resto da tarde.
Abraço de mãe.