Cheguei a achar que era uma maldição. Que por alguma razão eu era uma garota amaldiçoada.
Como se todas aquelas histórias fictícias de contos de fadas pudessem se tornar realidade.
Talvez minha imaginação fosse um pouco selvagem. Talvez eu fosse dramática demais.
Mas uma coisa era um fato na época: eu parecia ser incapaz de me interessar por caras descompromissados.
E eu sempre fui a melhor amiga. Eles realmente não me viam de outra maneira.
Conversávamos sobre tudo mas sempre pairava aquela sensação. De que eu os colocava por primeiro enquanto para eles eu era só mais uma garota. Ou mais um amigo.
Mas aí a gente vai se distanciando das pessoas e vendo que aquele sentimento que se nutria com relação a elas não era saudável. Não era algo real.
Pra ser real tem que vir dos dois lados.
As duas pessoas tem que querer aquilo.
Querer um ao outro.
Abri os olhos pra perceber que não adianta ficar esperando.
Já esperei muito na vida. Meus pais na saída da escola, amigos me chamarem pra sair, o cara olhar pra mim do jeito que via a namorada.
Chega. Não quero mais ser Eponine.
Pra falar a verdade, Marius não vale tanto a pena assim.
Já to de olho é no Enjolras.