Dizem que saudade é a sétima palavra mais difícil de se traduzir de todas as línguas do mundo. Dizem também que o alemão tem uma expressão equivalente, mas dizem que não é bem equivalente.
Dizem que saudade é um sentimento português. E que só o povo português consegue entendê-lo por completo.
A saudade portuguesa é algo triste, melancólico.
Algo que não se encaixa muito em nossa terra tropical.
O povo brasileiro parece ter sua própria saudade. Algo diferente do "sentir falta", algo diferente da nostalgia, e algo também diferente da saudade portuguesa, que faz lembrar tanto o mar gelado para eles e os tempos de glória de um império que quase dominou o mundo todo.
Nossa saudade parece diferente. A gente usa a palavra a torto e a direito, mas é um sentimento complicado de explicar. Saudade é saudade.
Neruda dizia que "Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...". Só que não é isso. Creio que ele estava um pouco equivocado. Mas, afinal, o que Neruda sabia sobre saudade? Era chileno...
Definir saudade é impossível. Para chilenos, para alemães. Mesmo para brasileiros e portugueses.
Porque saudade a gente sente e não fala.
Saudade é sentimento e não palavra.
É querer algo de volta, sabendo que nunca mais terá. Saber que a situação ficou no passado, mas querer revisitá-la. Nem que seja por um pequeno instante.
Saudade é ilusão de que o que se foi pode ser de novo. Ilusão porque sabemos que não pode. Que não volta.
Saudade anda de mãos dadas com o tempo. Como ele, ela vêm e vai embora.
E deixa na gente uma tristeza gostosa. Uma tristeza alegre.
Tristeza que, mesmo sabendo que aquilo não voltará, vivemos bem. Vivemos felizes.
Nem que seja naquele pequeno momento de saudade.